30/06/2004

José Marinho : “todo o pensar liberta”



A exposição José Marinho : “todo o pensar liberta”* intenta apresentar, celebrando o centenário do nascimento do filósofo falecido em 1975, alguns aspectos de uma personalidade e da uma obra absolutamente singulares na cultura portuguesa.

Pensador que levou a especulação ética e metafísica a uma extrema radicalidade, pedagogo excepcional, intérprete inultrapassado da poesia e da filosofia portuguesas contemporâneas, José Marinho possuía uma formação filosófica e filológica que lhe permitiu ter um conhecimento aprofundado da Filosofia e da Literatura Europeias, cuja dinamismo problemático foi um dos raros pensadores portugueses a acompanhar.

Dotado de fina capacidade de exposição e de argumentação, criador de conceitos ontológicos inovadores, manteve-se, contudo, afastado das instituições académicas e do prestígio mundano, apenas intervindo publicamente para esclarecer os aspectos de fundamento e de princípio, em livros, artigos e entrevistas que permaneceram, em grande parte, desatendidas. A organização do seu vastíssimo espólio de inéditos tem vindo a possibilitar o conhecimento alargado da sua obra e compreender a amplitude e gravidade da sua reflexão.

Elegendo a liberdade, “fundamento de toda a vida”, como noção decisiva do seu percurso existencial e espiritual - liberdade apreendida nos seus aspectos ontológicos, éticos e políticos - a exposição procurará ilustrar, através da mostra de manuscritos, fotografias e obras impressas, quer a complexidade da seu pensamento, quer a densidade das suas relações convivenciais que fazem de José Marinho um discreto, mas central protagonista dos debates intelectuais que marcaram o século XX português.

Jorge Croce Rivera

Na Biblioteca Nacional até 24 de Julho
Dias úteis: 09:30 h - 17:30 h
Encerra sábados, domingos e Feriados