Joanna Newsom
«The Milk-Eyed Mender»
A enorme Red Wood Forest surge como um centro de inspiração para esta geração. Com a sua enorme extensão de fabulosas árvores seculares, rios e riachos e diversa vegetação, marca as tendências líricas mais bucólicas desta arte, em paralelo a um gosto por imagens insólitas e absurdismos coerentes a partir do qual se pode traçar uma linha que a liga a toda a cena psicadélica dos anos 60 dos Grateful Dead, United States of America ou Jefferson Airplane. As letras de Newsom são marcadas por uma vasta riqueza vocabular. Cruza arcaísmos com palavras perdidas no tempo no Dicionário de Inglês Norte-Americano, desenterradas de um livro poeirento, com os neologismos (“poetaster” – a palavra nova do ano?) na veia de cummings. Tão facilmente fala sobre pinhas, pão, dentes ou o amor dos moluscos como no segundo seguinte refere um boné com uma página de Camus nele impressa. Viaja por Cassiopeia, Swansea ou Texas em balões, barcos que ardem ou através do sonho. É um denso imaginário que verbaliza, musicando-as fluentemente. Refere Ruth Crawford Seeger como uma das figuras que mais marcaram o seu percurso. Compositora, académica e etnomusicóloga, desenha esse caminho que Newsom tem seguido de aglutinar o conhecimento e a noção de história aprendida no conservatório com idiomas indígenas transcontinentais. Diz admirar principalmente a abordagem reconciliatória do experimentalista com o amor pela beleza das melodias de Seeger. Antepassados de Newsom, do seu conhecimento ou não, podem ser encontrados nas canções das montanhas do Kentucky preservadas por Jean Ritchie em dulcimer e voz, na riqueza narrativa e imaginário das histórias para crianças em música de Ella Jenkins, na pureza de flores sóbrias das irmãos Shirley & Dolly Collins, em Zeena Parkins pelo uso não ortodoxo da harpa, ou em Victoria Williams pela voz de criança de cinco anos a pedir algodão doce e a fingir que não ouve quando lhe dizem que não, infindavelmente doce e colorida.
Continua o a ler sobre Joanna Newsom : Ananana. Boa Praça!
Sem comentários:
Enviar um comentário