11/01/2005

Madre Cacau : Timor por Pedro Rosa Mendes e Alain Corbel

Dois anos depois da independência de Timor-Leste, o jornalista e escritor Pedro Rosa Mendes e o ilustrador Alain Corbel procuraram as histórias e os rostos que definem a situação actual do país. O resultado é um livro de reportagens, “Madre Cacau”, obra em que o olhar jornalístico se combina com a linguagem da banda-desenhada para oferecer ao leitor um percurso que é ao mesmo tempo rigoroso e onírico. O passado recente de Timor, o genocídio, a resistência, o trauma, a violência, as dificuldades de um novo país, mas igualmente as estratégias de desenvolvimento e as perspectivas de futuro, constituem o objecto das narrativas e entrevistas do livro.

“Esta é, então, uma outra altitude, rarefeita mas visível. Em rigor, é aí que se encontra a topografia real de Timor”, escreve Pedro Rosa Mendes num dos capítulos de “Madre Cacau”. “A reconstrução do homem dá os seus passos frágeis nos mesmos caminhos que a reconstrução do país. Mais e mais alto, procurando nuvens e dias que nadam acima da vegetação. É um mundo difuso, onde a luz é coada entre o sol e o chão, criando espaços e momentos para o mistério, o fascínio e o medo — os atributos de tudo o que é divino. É aqui, nos caféeiros que cobrem as encostas timorenses, entre o coral e a neblina, entre as praias onde chegaram os homens e os cumes onde moram os seus avós, que se aposta — vício nacional! — no destino do país. Esse país orgânico e onírico é o reino das grandes albízias, que em Timor têm o nome de madre-cacau.”

Edição da ACEP (2002)