"Sentindo correr o fecho, Manuel Louvadeus empurrou a porta. E, sem aguardar sequer que se abrisse de todo, mal lhe ofereceu passagem, de ilharga, quase acotevelando a moça, entrou com uma golfada de vento. Estavam, como futurara, de malga em punho à roda do lume. O cepo ardia ao fundo na pedra lar e a a sua lumalha verde descompunha a claridade da candeia que voltejava ao centro na ponta do nagalho. Com a sua entrada, ficaram todos suspensos. A mulher olhava para ele, atónita. Os filhos olhavam para ele sem o conhecer, pudera! O gato maltês, com o espalhafato, cobrara medo e pinchara assarapantado para um canto, donde o observava com pupilas a fuzilar cólera e temor. E Manuel Louvadeus, risonho, sem deixar respirar, lançou de chofre por cima das cabeças perplexas:
- Santas noites lhes dê Deus!"
"in "Quando os lobos uivam", Aquilino Ribeiro
1 comentário:
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